domingo, 27 de maio de 2012

Rir ou não rir, that's the question

Uma questão existencial sempre me atormentou: afinal como rir virtualmente? Muitas pessoas não pensam duas vezes e optam pelo “k” repetido ad infinitum como signo/símbolo das suas gargalhadas virtuais. Mas, sinceramente, jamais me identifiquei com o kkkkkkkkkkkkkkkk das multidões, a meu ver simplista, expressando mais o estilhaçamento de um copo no chão do que a graça de quem ri a bandeiras despregadas. Até mesmo o “quá-quá-ra-quá-quá” daquela canção da Elis Regina me parece meio forçado, mais onomatopaico do que autêntico.

Outra opção muito popular é digitar: “Rs”. Esse tem a vantagem de possuir algumas variações. O uso mais genérico consiste em escrever o “R” acompanhado por generosa quantidade de “s”: Rsssssssssssssssssssssss. Há os que preferem alternar as duas letras: Rsrsrsrsrsrsrsrs. E ainda tem a turma minimalista, que só digita um mísero “rs”. Confesso adotar o último com frequência, mas sem nenhuma convicção. Se me apontarem uma saída mais conveniente, descartarei o “rs” sem nenhuma dó.

Nunca entendi o “shuashshuashshuashu” de alguns, que me lembra um ataque apoplético. E os “ahhahahhahha” de outros me sugerem dor de dente, talvez. “Ah! Ah! Ah!” lembra-me alguém arfando desesperadamente durante um ataque de asma. “He! He! He!” pode causar confusão e dúvida caso o interlocutor fale inglês: “Who the fuck is HE?” Já o trio “Ririri!”, “Hihihi! e “Ih! Ih! Ih!” – me parecem risos muito femininos, tímidos ou infantis demais.

Para complicar as coisas, existem algumas risadas que têm assinatura pessoal, são coisa de griffe, exatamente como as obras de certos artistas: “Rarará” (José Simão), "Rá Rai" (Silvio Santos), “Iac Iac Iac!” (Pateta), “Rô! Rô! Rô!” (Papai Noel e aquela conhecida cantora LGBT da nossa MPB, mas, puxa vida, qual cantora da nossa MPB não é LGBT?). Algum esperto já deve ter posto o seu copyright até em “Quiá Quiá Quiá”, a risada daquela bruxa verde que vivia tentando cozinhar o coelho Pernalonga para o jantar.

Eu sou daqueles que joyceanamente gostariam de forjar a consciência incriada de sua risadinha virtual. Mas analisando os sons que emito, a representação gráfica mais aproximada me parece ser: “râhn-rhânh-rheiânnh-rummnh-rhunnh”. Mas escrever um troço desses pode fazer as pessoas me recomendarem algum xarope bom pra tosse, dor de garganta e congestão nasal.

Como não vejo túnel no fim dessa luz, acho melhor dar uma de grande mudo, mesmo quando a piada for boa.

Ou então partir pra covardia de um emoticom. :D

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